quinta-feira, 28 de abril de 2011

Avanço do mar no Ceará não é causado apenas por intervenções humanas, segundo pesquisador

EM 25/02/2011
Texto retirado do site FCiência
Por Sílvio Mauro
As alterações observadas no litoral do Ceará, principalmente o avanço do mar, são frequentemente interpretadas pelo senso comum como uma consequência direta do aquecimento global e das intervenções humanas. Para muitas pessoas, ambos os fatores estariam aumentando o volume do mar ou desviando a força das ondas, causando a destruição das praias. À luz da ciência, no entanto, a explicação não é tão simples quanto parece.
Segundo Alexandre Medeiros, geólogo do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), instituição vinculada à Universidade Federal do Ceará (UFC) e autor do estudo “Controle tectônico na morfodinâmica costeira de Icapuí”, o litoral do município, uma das áreas onde tem sido observado um preocupante avanço do mar sobre casas e barracas de praia, a explicação para o fenômeno vai muito além do aquecimento global ou da ocupação da faixa litorânea por grandes obras. Na verdade, o que acontece por lá é uma conjunção de fatores relacionados com aspectos geológicos, a dinâmica dos ventos e a própria estruturação da bacia sedimentar que existe na região.
Apesar do território brasileiro ser localizado sobre uma base de terrenos muito antigos e relativamente estáveis, ainda há movimentação de placas tectônicas (porções formadoras da crosta terrestre) no processo de afastamento entre os continentes americanos e africanos. As conseqüências vão dos pequenos tremores em Sobral e na serra da Meruoca às mudanças estruturais pouco perceptíveis que ocorrem no litoral, principalmente em regiões de bacias sedimentares, a exemplo de Icapuí....

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Semace Divulga o Boletim de Balneabilidade das Praias de Fortaleza

O boletim de balneabilidade das praias de Fortaleza aponta que 10 pontos estão próprios para banho. O documento, emitido pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace),  apresenta a qualidade das águas destinadas à recreação de contato primário da orla marítima fortalezense. Ao todo, são 31 locais monitorados pela autarquia.
As análises seguem o padrão exigido pela Resolução 274 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que indica, no máximo, 1.000 coliformes termotolerantes para cada 100 mL de água nas últimas cinco medições. O trabalho é realizado semanalmente pela equipe do Núcleo de Análise e Monitoramento da Semace. O boletim desta semana é o 15º emitido em 2011.
Vários fatores podem influenciar na qualidade das águas, tais como: ligações clandestinas de esgotos, ocorrência de chuvas (que levam sujeira para o mar através das galerias pluviais), condições de maré, presença de animais, disposição inadequada de resíduos sólidos e adensamento urbano próximo.

Confira, abaixo, o resultado das análise em Fortaleza:
Pontos próprios para banho:
Barraca Arpão Praia Bar
Barraca Itapariká
Barraca Hawaí
Praça 31 de Março
Barraca América do Sol
Volta da Jurema
Edifício Arpoador
Diários (Ponta Mar Hotel)
Ideal Clube
Ed. Vista del Mare
Pontos impróprios para banho:
Caça e Pesca
Barraca Beleza
Barraca Crocobeach
Clube de Engenharia
Início da Rua Ismael Pordeus
Farol
Iate
Mucuripe
Estátua de Iracema
Ponte dos Ingleses (Ponte Metálica)
INACE (Indústria Naval do Ceará)
Marina Park Hotel
Início da Av. Philomeno Gomes
Kartódromo
Início da Av. Pasteur
Colônias
Horta
Início da Rua Lagoa do Abaeté
Goiabeiras
Barraca Big Jeans
Barra do Ceará
Fhilipe Augusto
Assessoria de Comunicação


Fonte

http://www.semace.ce.gov.br/2011/04/semace-divulga-o-boletim-de-balneabilidade-das-praias-de-fortaleza-3/

domingo, 17 de abril de 2011

Naufrágio da Praia da Abreulândia

Praia da Abreulândia, Fortaleza, CE. Foto: Luciano Barros 

A praia da Abreulândia é desconhecida de muitos cearenses. Localizada entre a foz do Rio Cocó e do Rio Pacoti possui muitas pedras no encontro com o mar e por isso o banho não é muito agradável, além disso, sua localização remota não a torna muito segura pra visitantes desavisados e por estes motivos é frequentada apenas por moradores locais e alguns poucos visitantes de Fortaleza.


Talvez estas também sejam as razões para esta praia guardar tão bem um de seus mistérios. Ao que tudo indica um naufrágio aconteceu ali, bem próximo a praia rochosa. A cerca de trezentos metros do antigo Clube da Telemar ferros são expostos na maré baixa. O Mergulhador "Mar do Ceará" Luciano Barros que entrevistou alguns pescadores nativos, trata-se de um navio que encalhou carregado possivelmente durante a década de quarenta. O pescador disse ainda que sua carga teria sido completamente saqueada por moradores locais!

Formato semelhante ao de uma âncora
Durante a maré baixa, bem no meio da arrebentação um ferro com formato de âncora aparece. Não sabemos ao certo se é uma âncora de fato, mas provavelmente temos mais um naufrágio completamente desconhecido pelo publico geral.

Consultando publicações da marinha encontramos quatro naufrágios cuja as características dos sinistros se assemelham as encontradas na Abreulândia.
  • Rio Formoso, 1913 - A embarcação a vapor teria encalhado nos arredores de Fortaleza
  • Sobral, 1925 - Encalhou por imperícia do prático
  • São João, 1925 - Cúter brasileiro encalhou por desgoverno
  • Dona Luíza, 1889 - Barcaça encalhou a costa por Oeste de Fortaleza
Sua localização assim como possíveis correntezas dificultam qualquer mergulho no local, mas em breve, com muito cuidado e planejamento traremos novas informação sobre o Naufrágio da Abreulândia!

Fonte
Luciano Barros
Subsídios para História Marítima Brasileira

Fotos 
Luciano Barros  

terça-feira, 12 de abril de 2011

Fauna Marinha Cearense - Beijupirá

(Beijupirá no Cabeço do Manuel Salvador, Paracuru, CE)
Nome Comum: Beijupirá, Cação de Escamas, Cobia (inglês).


Nome Científico: Rachycentron canadum

Família: Rachycentriae

Distribuição Geográfica:
É um peixe de ocorrência circumtropical e subtropical. No Atlântico ocorre da América do Norte ao Sul, muito comum no nordeste do Brasil. No Ceará são observados próximos a naufrágios e grandes recifes em mar aberto.

Descrição e Comportamento:
Tem um formato alongado similar a um torpedo. Sua cor pode variar do cinza a marrom escuro. Tem o maxilar inferior projetado para frente e nadadeira caudal bifurcada. São peixes de águas abertas podendo nadar nos arredores de recifes. São muito curiosos e se aproximam muito de mergulhadores que as vezes, pelo seu formato, os confundem com tubarões, por este motivo são também chamados de cação de escamas (em alusão ao tubação lixa).



Fontes:
Humann, DeLoach; Reef Fish Identification - Florida, Caribbean, Bahamas; 3a Edição, New World Publications, Inc.

Foto: Marcus Davis

terça-feira, 5 de abril de 2011

Expedição ao Litoral Oeste

Um gordo beijupirá! Cabeço do Manuel Salvador, Paracuru, CE
Martorano fazendo graça
com a esponjinha
Aqueles que se limitam a mergulhar apenas nas capitais deixam de visitar os melhores pontos de mergulho. Isto se aplica claramente ao Ceará visto que o Estado possui 573 quilômetros de extensão e Fortaleza apenas 34 km. Ao longo do litoral estão espalhados dezenas de recifes e naufrágios excelentes para a prática de mergulho autônomo. Aproveitando a temporada de mergulho que vai de março a julho, equipes do Mar do Ceará estão visitando e catalogando pontos de mergulho em todo estado.

A última expedição foi organizada pelo Bricks que selecionou três pontos de mergulho do litoral oeste: Cabeço do Manuel Salvador, os Conteiners e o Vapor do Paracuru. Foi selecionada uma equipe de mergulhadores avançados a fim de avaliar as condições dos pontos.
Lídias nos canyons e coráis

Cabeço do Manuel Salvador
Eu havia visitado este recife a 13 anos atrás e lembrava de grandes esponjas e tubarões-lixa além da profundidade de 40m. Ao chegarmos demoramos um pouco para localizar o ponto e só então desceu a primeira dupla de mergulhadores para avaliar o local. Como estavam demorando bastante fui de encontro a eles descendo pela linha de sinalizador do Rodrigo. Os dois mergulhadores estavam eufóricos com a riqueza do lugar e sinalizaram para descermos. No fundo uma imensa e extensa formação coralínea se projetava mais de 5 metros do fundo formando diversos túneis, canyons e cavernas com entradas a 32m de profundidade. Esponjas com mais de hum metro de altura, corais grandes e saudáveis, ciliaris, beijupirás, frades, e muitos outros peixes engrandeciam a a fauna marinha local. Também observei dois exemplares do Gramma brasiliensis, espécíe muito cobiçada no mercado de peixes-ornamentais e talvez por este motivo está na lista de espécies ameaçadas. As formações por si só já eram encantadoras e valiam o mergulho. No entanto não vi tubarões nem as arraias que me recordava. Após muitos minutos de fundo e algum tempo de descompressão seguimos para o próximo ponto.
Brick se enfiando nos buracos!

Conteiners do Paracuru
O segundo ponto eram conteiners afundados pela Petrobrás para criação de recifes artificiais na década de 80. A primeira dupla caiu na água para localizar o ponto. Luciano e Rennan logo retornaram comemorando. Haviam localizado os conteiners e informavam que havia um cardume de xilas no entorno. Descemos e contatamos que haviam vários dispostos de forma irregular no fundo. O que mais se destacava era o que parecia ser um grande conteiner redondo que possui cerca de 3m de altura. Nenhum outro estava inteiro ou bem conservado. Em algumas chapas soltas pudemos observar azulejos fixados, o motivo segundo Bricks eram que esses conteiners foram usados como alojamento para funcionários da Petrobrás antes de serem descartados. A profundidade era de 27m e observamos arraias, uma grande moréia verde e diversas outras espécies.
Cnidários povoam os conteiners

Vapor do Paracuru
Há muito se fala de um naufrágio ocorrido neste litoral e minha curiosidade era grande. Na verdade era o ponto de toda a expedição que mais despertava meu interesse. No entanto chegamos tarde ao local e apenas uma dupla desceu para investigar o local. Descemos a areia a 18m de profundidade e assim que chegamos um cardume de guarajubas nos cercou indicando que o naufrágio estava perto. Iniciamos uma busca circular mas o tempo era curto e abortamos o mergulho visto que já se passava das 16:30.

Dos pontos investigados todos os que mergulhamos de fato apresentavam excelentes condições de mergulho para mergulhadores avançados devido a sua profundidade evidenciando o potencial subaquático do nosso litoral. 

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Caças Xavante Naufragados no Ceará

(Fonte Diário do Nordeste)

São pelo menos 07 os caças xavante da Força Aérea Brasileira naufragados nos mares cearenses. Isso contando apenas os citados em jornais entre 1976 e 2000. As histórias são as mais diversas desde aeronaves se despedaçando no ar a colisão entre dois caças. Não sou um profundo conhecedor de engenharia aeronautica mas esses números assustam, isso excluindo os acidentes com aeronaves que caíram em terra firme e uma informação não confirmada sobre um oitavo em 1974.



O Avião Xavante EMB 326 AT-26 fora encomendado pela FAB a Embraer sendo entregue em 1971. Serviram à nosso país por 39 anos sendo desativados em dezembro de 2010. Também foram vendidos à outras naçòes como Itália, Austrália e África do Sul. Possui cerca de 10m x 10m de envergadura. 
Tripulação homenageada
por resgate a piloto
(Jornal Opovo)

A seguir registros de sinistros ocorridos entre 1976 e 2000.
12/08/1976 - AT-26 FAB 4559 - Desaparecido durante instrução local em Fortaleza. 2o Ten Sebastião Marcondes Moraes Vianna.
23/11/1985 - AT-26 FAB - 1o Ten Mendes Correa, 24 anos salvo por uma equipe de táxi aéreo que prestou socorro. 15 milhas do litoral do Morro Branco.
31/10/1990 - AT-26 FAB - 30 milhas do litoral de Aquiraz.
12/03/1991 - AT-26 FAB 4549 e FAB 4589 - Os dois caças colidiram no litoral da praia da Caponga em Cascavél.
28/04/1992 - AT-26 FAB 4618 - Desparecido entre as Praias de Cumbuco e Paracuru a 10km da costa. Piloto desaparecido. 
Área de buscaa do AT-26 4618
O piloto nunca foi encontrado
(Jornal Opovo)
05/07/2000 - AT-26 FAB 4626 - Cerca de 15km da Praia do Pecém. Um dos pilotos não foi encontrado. A asa da aeronave pode ter se soltado durante o vôo.

Muitos desses aviões e seus pilotos permanecem escondidos sob o manto azul. Estão à espera de pesquisas e estudos para que possam ser encontrados e as devidas homenagens prestadas aos seus pilotos e vítimas. No entanto, considerando baixa expectativa de retorno financeiro, a omissão das autoridades quanto à pesquisa de nosso patrimônio submerso e a dificuldade burocrática para permissão para pesquisas subaquáticas - atividade extremamente dispendiosa - uma grande parte de nossa história marítima permanecerá desaparecida no mar.



Fontes
Jornal Opovo
Jornal Diário do Nordeste