sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Fauna Marinha Cearense - Tartaruga Verde

Tartaruga Verde (Aruanã) no Cabeço do Balanço, um dos pontos do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio em Fortaleza, CE.
Nome Científico: Chelonia mydas

Nomes comuns: Verde ou Aruanã

Status internacional: Ameaçada (classificação da IUCN)

Status no Brasil: Vulnerável

Distribuição: ocorre nos mares tropicais e subtropicais, em águas costeiras e ao redor das ilhas, sendo freqüente a ocorrência de juvenis em águas temperadas

Habitat: habitualmente em águas costeiras com muita vegetação (áreas de forrageio), ilhas ou baías onde estão protegidas, sendo raramente avistadas em alto-mar

Tamanho: até 143cm de comprimento curvilíneo de carapaça

Peso: geralmente até 200kg. O maior registro no mundo foi de 395kg

Casco (carapaça): quatro pares de placas laterais de cor verde ou verde-acinzentado escuro; marrom quando juvenis

Cabeça: pequena, com um único par de escamas pré-frontais e uma mandíbula serrilhada que facilita a alimentação

Nadadeiras: anteriores (dianteiras) e posteriores (traseiras) com uma unha visível

Dieta: varia consideravelmente durante o ciclo de vida: enquanto filhote é uma espécie onívora com tendências à carnivoria, tornando-se basicamente herbívora a partir dos 25/35cm de casco. Alimentam-se basic

Estimativa mundial da população: 203 mil fêmeas em idade reprodutiva

Curiosidades: As desovas ocorrem principalmente nas ilhas oceânicas, Ilha da Trindade (ES), Atol das Rocas (RN) e Fernando de Noronha (PE). Na costa brasileira, áreas de desova secundárias ocorrem no litoral norte do estado da Bahia. Esporadicamente ocorrem também ninhos nos estados do Espírito Santo, Sergipe e Rio Grande do Norte.

*Nota do Autor: Temos visto com frequência exemplares dessa espécie no Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, em Fortaleza, CE.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Lagosta no Ceará: do desprezo ao declínio


Lagosta Cabo Verde


Um breve resumo da exploração comercial da lagosta no Ceará

Quem diria que há 60 anos atrás nossas praias eram infestadas de lagostas, animal que hoje é difícil de se ver até em águas mais profundas. Isto só acontecia porque as lagostas eram desprezadas como alimento pelos cearenses da época. Já naqueles tempos a lógica dos pescadores ainda que inocente tinha algo de preservacionista: não se comia as lagostas pois elas eram consideradas as "mães" dos camarões e se as pescassem não haveria mais camarões, crustáceos já explorados comercialmente na ocasião.

A lagostas andavam livremente pelas praias e pelos recifes a beira mar do Mucuripe e Iracema. O absurdo é tanto que as vezes era necessário até espanta-las! Foi somente em 1952 com a chegada do casal francês Charles Dell'Eva e Lúcia Paulette Dell'Eva que essas iguarias passaram a ser consumidas pelos fortalezenses. A historia da família Dell'Eva dá um artigo a parte: veterano da segunda guerra, Dell'Eva veio ao Brasil por acaso quando partira da França em busca de novas oportunidade em Caracas, na Venezuela. Vieram a bordo do pequeno barco Bluette e aportaram no Maranhão. Depois de algumas empreitadas o casal fora convidado para trabalhar no restaurante do Náutico Atlético Cearense, clube que na época era um local de prestígio na sociedade onde se reunia a nata da "aristocracia" cearense. Depois de alguns anos como chef do resturante Náutico, Charles recebeu uma proposta irrecusável do Ideal Clube, concorrente do Náutico. Resolvidas as formalidades o Ideal passou então a ser alvo de manchetes dos jornais da época em que exaltavam as habilidades do chef francês. Este casal francês também foi responsável pela criação do restaurante "Lido", na Praia de Iracema.

Em 1955 apareceu por estas bandas o norte-americano Devis Hakerman Morgan, ex-coronel da Força Aérea America que serviu no nordeste durante a II Guerra e que explorou ilegalmente a lagosta, exportando toneladas principalmente para a França onde era amplamente valorizada. Seja como for, Morgan montou a primeira empresa de beneficiamento do crustáceo no país e em menos de cinco anos já existiam pelo menos outras sete.

Não se sabe ao certo mas provavelmente entre 1956 e 1958 naufragou próximo ao quebra-mar do Titan que na época ainda estava sendo construído, um barco com cerca de 30m de comprimento chamado Denise que trazia consigo seis ou sete imigrantes europeus. Esses náufragos viajavam com destino a América Central mas alguns dias após terem partido da Europa seu motor explodiu e a embarcação ficou a deriva. Passaram cerca de 50 dias a mercê das correntes quando se chocaram contra o espigão do Mucuripe durante a noite. Acolhidos pela família Dell'Eva, entre eles estava um outro francês chamado Paul Mattei que logo foi convidado para trabalhar no restaurante da família. Mattei não demorou a perceber a oportunidade de negócio, conseguiu alguns investidores e montou sua própria empresa de exportação de lagosta.

Assim como os Dell'Eva e apesar de ser uma figura controversa, Paul Mattei é considerado um dos responsáveis pelo desenvolvimento da indústria da lagosta no Estado. O desenvolvimento foi tanto que logo os franceses que eram nossos principais clientes se interessaram em explorar o pescado. No início da década de 60 pescadores franceses eram avistados com frequência pescando em nossas águas. Este fato gerou um entrave que ficou conhecido como a Guerra da Lagosta.
Lagosta ovada. Foto Marcus Davis.

Hoje o crustáceo não é mais abundante. Na verdade é até difícil de encontrar em áreas costeiras sendo necessário se afastar dezenas de quilômetros para vermos algumas. O comércio da lagosta hoje está em declínio no Ceará. As histórias daquela época sobre a abundância de espécies marinhas parecem hoje irreais. Métodos de pesca ilegais, desrespeito aos períodos de defeso são apenas alguns fatores que contribuem para o sumiço da lagosta e de outras espécies. Devemos lembrar que os vários métodos e pesca são apenas meios para saciar a demanda do crescente e desenfreado crescimento populacional que necessita cada vez mais alimentos. Os prognósticos não são muito favoráveis ao meio ambiente.


Fontes:
Caravelas, Jangadas e Navios - Uma História Postuária; Rodolfo Espinola; Editora Omni 2007.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Uma Coincidência: Dois navios da Segunda Guerra naufragados no Ceará!

Um LST e um LCT da II Guerra, ambos naufragados no Ceará. Imagem ilustrativa.
É de conhecimento comum que vários navios de diversas nacionalidades naufragaram em nosso litoral durante a Segunda Guerra Mundial. O fato curioso é algo que aconteceu em nossos mares após a Guerra. Para entendermos melhor vamos primeiro a um pouco de história...

O intenso esforço de guerra acelerou a produção industrial em todo o mundo. Armas, munições, tanques, aviões e, principalmente, navios eram extremamente necessários para vencer. Como maioria do transporte em larga escala e por grandes distâncias era feita através dos mares, milhares de embarcações foram construídas com os mais variados propósitos: transporte, combate, desembarque, etc. A intensa expansão industrial produziu milhares dos chamados "vasos de guerra".

Com o ataque a Pearl Harbor e a entrada dos EUA no conflito no início dos anos 40, sua marinha precisava de meios para desembarcar suas tropas nas praias do Pacifico e da Europa, e por este motivo encomendaram centenas de embarcações chamadas LCT's (Landing Craft Tank) e LST's (Landing Ship Tank). Essas embarcações foram inicialmente desenvolvidas pela Royal Navy, sendo posteriormente fabricadas em larga escala pela US Navy.

Diferença entre o LST e o LCT.
Os LCT's eram embarcações capazes de transportar e desembarcar rapidamente e em qualquer praia até 5 tanques de pequeno porte. Não eram utilizados para navegar grandes distâncias apesar de seu alcance chegar a 700 milhas náuticas. Em suas várias versões, tinha até 36m de comprimento.

Planta básica do LCT.
Já os LST's eram navios maiores desenhados para cruzar os mares com grande quantidade de carga por longas distâncias. Com seus quase 100m de comprimento tinham um alcance de até 9.000 mn e podiam carregar até 18 tanques ou 33 caminhões! Apesar de fortemente armado seu propósito era desembarcar os equipamentos após a poeira da balha baixar.

Diagrama Esquemático de um LST.
O problema foi que após a guerra os EUA não sabia o que fazer com tantas embarcações. Muitas foram deliberadamente afundadas no mar assim como tanques e outros veículos como aconteceu com grande parte desses equipamentos no Pacifico pois era mais barato do que transportar tudo de volta para os Estados Unidos. Outras foram usadas como alvos em exercícios militares a exemplo da frota japonesa em Truk Lagoon. Algumas foram sucateadas e outras tantas foram vendidas para marinhas de diferentes partes do mundo, sendo algumas destas convertidas em cargueiros a serviço de variadas companhias mercantes.

Um LST. Imagem ilustrativa.
E foi este fato que colocou em nossos mares duas embarcações fabricadas durante a Segunda Guerra, ambas nos Estados Unidos, e por enorme coincidência ambas utilizadas para o transporte e desembarque de tropas e que agora jazem naufragadas no litoral leste do Estado, quase anônimas.

Uma delas foi comprada por uma companhia mercante no Rio de Janeiro no início da década de 50. Era um LST que foi reformado e transformado em navio cargueiro batizado "Macau". Seu naufrágio está registrado no livro Naufrágios e Afundamentos na Costa Brasileira, na data de 22 de dezembro de 1961, quando pegou fogo e incendiou-se.

Croqui do Naufrágio dos Remédios.
O outro é um LCT cujo o passado ainda é pouco conhecido. Alguns contam que naufragou em 1986, pertencia a Marinha de Guerra Brasileira e que seu nome era Nossa Senhora dos Remédios. Já outros dizem que pertencia a uma companhia mercante e que já fora até utilizada para o abastecimento da ilha de Fernando de Noronha. Seja qual for sua historia, o fato é que a cerca de 7 mn da Praia do Uruaú existe um LCT naufragado a 16m de profundidade cujo o nome ainda pode ser lido em alto relevo no casco: "CYPRESS". Menor e logo abaixo também pode-se ler: "US ARMY", ao contrário de US Navy como muitos poderiam imaginar.

Naufrágios da Costa Leste.
A coincidência: duas embarcações fabricadas pelos EUA, durante a II Guerra, para desembarque de tropas, naufragaram com um intervalo de tempo de 25 anos no litoral leste do Ceará a menos de 13 mn uma da outra!

1 mn = 1,852 km


Vídeos Recomendados
http://www.youtube.com/watch?v=5TJfsp0iWTw - Remédios/Cypress.
http://www.youtube.com/watch?v=K2DOy7pa1xM - Macau





Texto
Marcus Davis

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Lagostas do Ceará: A Vermelha e a Verde!

Aprenda a diferenciar as duas espécies de lagosta mais comuns no Ceará!

Lagosta Vermelha
 A Lagosta "Vermelha" tem tonalidades mais claras, com patas roxas até a metade e amarelas até a extremidade. Normalmente crescem mais e e são mais abundantes, sendo observadas em praticamente todos os mergulhos realizados no Ceará.



Lagosta Verde
A Lagosta "Verde", ou "Cabo Verde" (em referencia a cauda) tem tonalidades escuras e esverdeadas, suas patas são listradas do início ao fim sendo também esverdadas próximo às extremidades. Não crescem tanto como as vermelhas.