terça-feira, 1 de outubro de 2013

Uma Testemunha do Naufrágio do Macau

Um LST nos dias de hoje da mesma classe do Naufrágio Macau
(ambos fabricados pela Marinha Norte-America durante a Segunda Guerra).

Encontrei na web o relato de uma testemunha ocular do naufrágio do Navio Mercante Macau. Bevenuto Paiva é natural da cidade litorânea também chamada Macau no Rio Grande do Norte. Na década de 60 Bevenuto servia à Marinha do Brasil como tripulante da Corveta Ipiranga quando saíram em missão de socorro à um navio cargueiro que combatia um incêndio. Segue abaixo seu relato extraído do site O baú de Macau:

"Mergulhou para sempre.

Fatos ocorrem em nossas vidas que deixam marcas indeléveis mesmo que não se trate de ocorrências físicas pessoais . Para quem vive a vida do mar, fatos deixam suas marcas que jamais serão esquecidas, ainda quando isso não nos liga a uma determinada coisa ou objeto. Quero falar do afundamento do navio mercante Macau, por ocasião do seu mergulho para o fundo do mar, a uma distancia de cento e cinquenta milhas [sic] da costa de Aracati. Este navio, era da marinha americana e foi adquirido pela Companhia de Navegação São Jorge e transformado num navio mercante. O proprietário rebatizou-o com o nome de Macau em homenagem á cidade que tem a maior produção de sal do país. Outros navios já ostentaram em sua popa esse nome quando navegaram por outros mares, sendo que o primeiro, durante a primeira guerra mundial foi torpedeado na Europa. Esse que afundou na costa do Ceara foi último mercante a ostentar esse nome, o que embora seja “a cidade que já teve” como é dito sempre em rodinhas de conversas , mas continuará com o seu nome expandido em todas as partes do mundo, por tudo que possuí de bom e pelo o amor que lhe dedicam os seus filhos. 

Este navio teve um fim tráfico, num incêndio que sua guarnição não conseguiu debelar, visto ser carga muito explosiva — barris de álcool e sacas de açúcar — em seu convés. Levava também, vagões de trem, carrinhos de mão, além do combustível de uso. A sua guarnição foi resgatada por outro mercante. A corveta Ipiranga que saiu em socorro, não encontrou nenhum tripulante a bordo e iniciou o rebocamento que foi iniciado pela tarde e prosseguiu até quase meia noite do dia 22 de dezembro, quando os vigias perceberam que o navio estava adernando. O cabo do reboque foi cortado, pois nesse momento já representava perigo para a corveta. Ficamos na área até o afundamento total do navio, pois se ficasse flutuando colocaria em risco outras embarcações. Para o homem do mar o naufrágio de um navio é sentida assim como se perdesse uma parte de seu corpo ou um membro da família. Como o navio pertencia a Companhia de Navegação São Jorge, cada navio tinha esse santo protetor no seu mastro principal."

Curiosidade: A Corveta Ipiranga que foi em socorro do NM Macau naufragou anos depois na ilha de Fernando de Noronha.


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