segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Encontro de Mergulhadores do Mar do Ceará

Mergulhadores(as) e Seres Humanos!

Mais um ano termina mas a aventura está apenas começando! Vamos nos reunir para lembrarmos a temporada passada e planejarmos a seguinte!

Neste ano teremos muitas viagens, mergulhos, cursos, NOVOS cursos, e muita aventura! Venha para o nosso tradicional Encontro de Mergulhadores conhecer a turma e trocar ideias com quem entende você! Mesmo se você ainda não faz parte dessa turma estaremos de braços abertos para recebê-los e apresentarmos esse mundo fantástico!

Contamos com a sua presença na sexta-feira, 26/12/14, a partir das 20:00hr no Floresta Bar na Av. Santos Dumont 1788, entre a Av Rui Barbosa e a Av Barão de Sturdart!

Encontro aberto para todos mergulhadores(as) e todas as pessoas que tenham vontade de conhecer sobre este mundo tão fantástico.

Convide curiosos e amigos! Não deixem de ir.

O que, Onde e Quando?
Encontro de Mergulhadores do Mar do Ceará
Sexta-feira, 26 de dezembro, às 20:00hr
Floresta Bar e Selfservice
Av. Santos Dumont, 1788, Lj 01

domingo, 7 de dezembro de 2014

Novidades da Nova Temporada em 2015

E você está pronto para a aventura?


Atenção! Atenção!

Está chegando a hora de encharcar as escamas!!

Para aqueles que não conhecem bem a dinâmica de mergulho aqui no Ceará funciona assim: de Julho a Janeiro ventos intensos vindos do Leste agitam nossas águas tornando difícil a navegação consequentemente limitando a temporada de mergulho. Mas de Fevereiro a Junho esses ventos nos dão uma trégua e nós caímos na água!

Então depois de um longo período de inatividade em que nos aventuramos nas cristalinas águas de Fernando de Noronha em parceria com a nova operadora da ilha Mar de Noronha, estamos retomando nossos cursos, viagens e expedições nas águas cearenses!

E nesta temporada temos muitas novidades! Além de várias viagens em 2015 para destinos como Recife, Natal, Fernando de Noronha, teremos o Curso de Mergulho com Ar Enriquecido (Nitrox) e o novo Curso de Mergulho Cientifico especialmente formatado para universitários e pesquisadores!

Teremos saídas de mergulho durante o carnaval para o Parque Estadual Marinho Pedra da Risca do Meio em fevereiro, também organizamos a Expedição Costa Leste que será um fim de semana de mergulhos em março! Preparamos um curso avançado especial em março: AvançadOX! Que é o curso avançado junto com o curso de nitrox e o melhor é que faremos os mergulhos com nitrox em Natal utilizando toda a estrutura da Natal Divers! E quem já é certificado também poderá participar!

Também estamos selecionando estagiário! Mande seu curriculo para mardoceara@gmail.com!

Confira nosso Calendário e Reserve sua vaga!!


domingo, 9 de novembro de 2014

Como fazer a checagem pré- mergulho?

Paula Christiny

Fonte: http://www.sdtn.com/file/118#.VFlkU_ldUoo


Além dos cuidados com seu equipamento durante a montagem e preparação antes de entrar na água, os mergulhadores de todos os níveis precisam verificar tudo novamente antes de mergulhar. Esta é uma medida de segurança muito importante que deve ser feita em cada mergulho por outro mergulhador que não o diferente daquele que montou o scuba..

Segurança Mergulho


Muitas coisas podem acontecer com o seu equipamento a partir do momento que você faz sua montagem até quando você está pronto para mergulhar. Ao verificar todo o seu equipamento e do seu parceiro, uma última vez, você garante que tudo está funcionando corretamente.

Outra razão importante para executar uma checagem pré-mergulho é ajudar outros mergulhadores em seu grupo a se certificar de que eles estão configurados corretamente, e você será capaz de ajudá-los em caso de uma emergência na água por saber seus equipamentos, além de seu.
A verificação de segurança pré-mergulho é um dever de cada mergulhador em cada mergulho. Certifique-se que seu dupla cheque cuidadosamente seu equipamento seguindo as 5 etapas a seguir.

As 5 etapas em uma checagem pré-mergulho:

Primeiro Passo: O primeiro passo requer que você verifique o seu Colete Equilibrador ou BCD. Isso irá garantir a sua flutuabilidade. Inflar e desinflar o Colete Equilibrador para se certificar de que está funcionando, certifique-se se os botões e válvulas estão todas boas e se as mangueiras não estão emaranhadas de qualquer forma.

Segundo Passo: O segundo passo na verificação de segurança pré-mergulho requer que você verifique seus pesos e cinto de lastro. Primeiro, certifique-se de que eles estão posicionados de forma adequada. Além disso, certifique-se de que o sistema de liberação rápida está visível e livre de ficar emaranhado ou preso em outro equipamento.
Um cinto de lastro deve está configurado para que o mergulhador possa abri-lo usando apenas a mão direita, e ele também precisa ser capaz de se separar do mergulhador facilmente quando precisar ser liberado.
Por outro lado, com um sistema integrado de lastro, os lastros dos bolsos precisam ser firmemente inseridos no Colete Equilibrador.

Terceiro Passo: O terceiro passo no processo é ter certeza se o Colete Equilibrador está confortável. Verifique se ele está amarrado em corretamente e cintos estão apertados. Certifique-se de todos os clipes estão fechados também. Deve-se verificar também se o cilindro está bem preso e confortável para garantir a segurança uma vez que você mergulhar na água. .

Quarto Passo: Verificar o seu suprimento de ar. Verifique o medidor de pressão. Confirme se o regulador está funcionando e que os cilindros estão cheios e as suas válvulas estão abertas, fazendo algumas respirações do regulador. Em seguida, faça o mesmo com a sua fonte alternativa de ar.

Quinto Passo: O último passo é uma verificação final para certificar-se se todo o equipamento está adequadamente no lugar e se o seu dupla, assim como demais mergulhadores estão prontos para ir.

Traduzido e adaptado do site:


quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Submarinos Alemães da II Guerra - As Armas que Viraram Museus

O U-2540 agora chamado "Wilhelm Bauer" ancorado em Bremerhafen, Alemanha.
Nos dias atuais a Alemanha em nada lembra a nação que levou o mundo a duas Guerras Mundiais. Um pais de fato civilizado e respeitoso para com os seus cidadãos mas que não se permite esquecer do passado. Hoje vários museus nos fazem lembrar dos anos difíceis que o mundo viveu durante a II Guerra. A mensagem é clara: vamos lembrar para que não se repita.

Naqueles tempos o mundo submerso era ainda mais misterioso do que hoje. Ser um submarinista era a profissão mais perigosa do mundo pois somente 1 em cada 4 submarinistas alemães retornou para casa após a Guerra. Os outros - cerca de 30 mil - "continuam em patrulha" como se diz no jargão náutico-militar em referencia aqueles que foram sepultados no leito marinho ou que tem seu destino desconhecido.

Hoje é possível conhecer de perto a tecnologia que assustou o mundo nos primeiros anos da década de 40. No norte da Alemanha existem dois submarinos que foram transformados em museus e estão abertos ao publico para que possamos conhecer até onde pode ir a engenhosidade humana quando habilmente motivada.

Apesar do meu fascínio por essas máquinas ter nascido pela fama dos submarinistas alemães a primeira embarcação deste tipo que visitei foi na verdade um submarino norte-americano. O USS Bowfin operou basicamente no Oceano Pacifico e afundou vários navios japoneses durante a Grande Guerra. Atualmente fora transformado em museu e está aberto a visitação no Complexo Histórico de Pearl Harbor em Oahu, Havaí. O sonho de conhecer as máquinas nazistas ficou ainda mais vivo após essa visita.

Museu Técnico do Submarino Wilhelm Bauer
U-2540
Sala de torpedos de vante
O primeiro submarino alemão que visitei foi inicialmente concebido no fim do conflito sob a sigla U-2540. Com um design inovador para a época foi o percursor dos submarinos modernos. Antes dele os submarinos eram basicamente navios que podiam "se esconder" abaixo da superfície. Essa nova tecnologia permita que essa embarcação pudesse permanecer semanas ou até meses submerso.

Complexo sistema de controle de lastro
Entrou em operação nos últimos meses de 1944 mas enquanto sua tripulação era treinada a guerra chegou ao fim antes que pudessem ter "sangue em suas mãos". Em maio de 1945, quando os nazistas assinaram sua rendição o U-2540 estava em operação no Mar do Norte e sua tripulação o afundou para que tal tecnologia não caísse nas mãos do inimigo.

Compartimento para emissão de mergulhador
Em 1957 foi retirado do fundo do mar em uma complexa operação de resgate e reformado para que servisse de embarcação de treinamento para nova Marinha de Guerra Alemã. O novo submarino entrou em operação em 1960 após longos anos de reparos e reformas sendo batizado "Wilhelm Bauer". Apesar do demorado esforço ficou relativamente poucos anos em serviço até ser descomissionado pela Marinha de Guerra em 1968. Ficou ainda alguns anos como submarino de testes com tripulação civíl até ser vendido com o objetivo de que fosse transformado em museu em 1982.

Hoje o Wihelm Bauer está ancorado em frente ao Museu Naval Alemão em Bremerhafen (que também foi um importante porto e palco de várias batalhas durante a Guerra) e pode ser visitado quase todo o seu interior. Dentro dele destacam-se o torpedo de 9m de comprimento logo na entrada, os espaços diminutos em que viviam seus 52 tripulantes, uma camara para emissão de um mergulhador, equipamentos de escape em emergências e a diminuta cozinha localizada ao lado da central de comando.


O mini-submarino Seehund (Cachorro do Mar) levava apenas dois tripulantes e dois torpedos.
O Seehund
Outro submarino a mostra no museu em Bremerhafen é o Seehund, um pequeno sub que comportava apenas dois tripulantes e dois torpedos destinado a missões especiais. Este sub está dentro do complexo e foi cortado lateralmente para que possamos visualizar seu interior. Se o espaço para tripulação era pequeno no Wilhelm Bauer, nesse é ainda menor.

O U-995 na praia de Laboe em Kiel, Alemanha
O U-995
Torreta com armamento anti-aereo
Outro submarino transformado em museu foi o U-995 tipo VII/C. Esta arma foi comissionada em 1943 e tem nove missões em seu currículo em que foram afundadas ou avariadas seis outras embarcaçoes. Operou basicamente no Oceano Ártico e a maioria de suas vitimas foram navios russos que faziam transporte de suprimentos para União Soviética.

Controle dos lemes de profundidade
Ao termino da Guerra estava ancorado para reparos e rendeu-se sem maiores dificuldades. Foi entregue para a Marinha de Guerra Norueguesa como indenização de guerra mas só entrou em operação em 1952 quando foi rebatizado "Kaura". Ficou em serviço ate 1965 quando foi permanentemente descomissionado. Em 1971 o Kaura foi vendido para o governo alemão pelo preço simbólico de 1 deustchmark (Marco Alemão, moeda que precedeu o atual Euro) com o compromisso de que fosse transformado em museu o que aconteceu no ano seguinte. Esta embarcação está completamente fora da água em uma praia do Mar Leste chamada Laboe, em Kiel, e pode ser visto externa e internamente. Diferente do U-2540 este submarino possui armamento pesado para repelir ataques aéreos. Por dentro algumas diferenças também são visíveis mas ambos tem incomum o diminuto espaço destinado a tripulação.

A pequena cozinha
Algumas curiosidades deste submarino: apesar de possuir dois banheiros ao partir em patrulha um deles era transformado em despensa e os seus 50 tripulantes dividiam apenas um toalete. Outro fato curioso é que trata-se de uma embarcação muito parecida com U-997, submarino suspeito de ter transportado Hitler em fuga para a Argentina por vários estudiosos. No litoral cearense existem dois submarinos alemães naufragados e nao localizados. O U-164 e o U-507, este ultimo afundou diversos navios no litoral brasileiro.

Ainda hoje a industria bélica se empenha na construção de máquinas engenhosas que objetivam a destruição, é a mesma industria que elege presidentes e promove a morte com a desculpa de manter a paz. Que sirva o aprendizado.


Veja como é por dentro do U-995!




Fontes
U-Boats - Mergulhando na Historia, de Nestor Magalhaes
Operação Ultra Mar Sul, de Juan Salinas e Carlos de Napoli
The U-Boat "Wilhelm Bauer" Technology Museum - Information Sumary

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Normatização no Mergulho Recreativo



Paula Christiny

Norma significa aquilo que regula procedimentos ou atos; regra, princípio, padrão, lei. Quando pensamos no significado desse termo logo se lembra de algo estático, rígido e chato. Nada parecida com nossa querida atividade, o mergulho, tão ligada à liberdade e aventura. Então porque normatizar? Normas são fundamentais para que haja uma uniformidade de um procedimento, características de um produto ou serviço. Elas visam o aperfeiçoamento de esforços e recursos de um setor que resultam de forma direta na otimização dos padrões de qualidade e segurança. Adequação as normas indica que uma empresa está preocupada com contínua busca da melhoria do seu produto ou serviço. 

A trajetória da normatização dos mergulhos começou em 1994 com Martin Denison, um especialista em mergulho de origem britânica, quando montou sua operadora na Áustria, usando nos seus cursos um sistema de qualificação norte-americano. Com o crescimento do negócio uma nova lei de esportes determinou que instrutores devessem ter uma licença emitida pelas autoridades locais no conselho das federações nacionais. Isso impedia que os austríacos treinados no sistema dos EUA de ensinar mergulho. Antes dos padrões austríacos serem concluídos quando a Underwater - Federação Europeia decidiu introduzir regras comuns europeias para mergulhadores e instrutores de treinamento. Os europeus, em 2006, lançam as normas CEN, sendo primeiro grupo de países a lançar estes tipos de regulamentação para a prática do mergulho. Os 35 países participantes chegaram a conclusão bastavam normas das certificadoras, mas documento regional se fazia necessário. Entre 2006/2007 o pensamento se expandiu pelo mundo e as normas CEN foram incorporadas as normas ISO se tornando internacionais.

Depois de um processo de discussões que durou dois anos, Brasil passou a adotar normas ISO para o mergulho recreativo, se tornando em nosso país as primeiras normas ABNT NBR/ISO que regulam a atividade. Para os profissionais do mergulho recreativo será um grande avanço, pois com as normas o sistema jurídico poderá avaliar processos legais que envolvam treinamento baseados nelas. Além disso, a normatização abre a oportunidade da inclusão da atividade na Lista Brasileira de Ocupações. Quer dizer que profissionais poderão ter em suas carteiras de trabalho registrada a profissão de instrutor de mergulho recreativo ou condutor de mergulho recreativo, com todos os direitos assegurados pela Carteira de Trabalho.

Buscando entender atender as normas vigentes no Brasil, todos Instrutores e Dive Masters devem ficar atentos, todos devem ter para consulta as normas ABNT sobre o mergulho recreativo. Elas são as versões brasileiras das normas ISO Internacionais que versam sobre o mergulho recreativo. Elas abordam diferentes temas como mergulho livre, mergulho scuba, nitrox, operação, batismo, entre outros. Ter esse material em mãos é uma orientação e segurança legal a mais para o profissional. Com um pouco de pesquisa na internet se encontra para consulta as normas técnicas para o setor gratuitamente, graças à parceria estabelecida pelo Ministério do Turismo e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A consulta poderá ser feita nos sites do MTurismo – www.turismo.gov.br e da ABNT – www.abnt.org.br. 

Mergulhar é uma atividade diferente de tudo. A sensação lembra outra dimensão. É única a interação com os seres marinhos, recifes de corais e naufrágios. Para se ter acesso a tudo não é muito difícil, exige-se apenas que as regras segurança sejam cumpridas. Elas não são complicadas até as crianças podem conhecer o fundo do mar. Isso é resultado da Instrução Normativa, pois em virtude dela temos mais meios para que sejam respeitados os processos de treinamento das certificadoras. O mergulho como atividade de aventura envolve riscos é fundamental assegurar o cumprimento das principais medidas de segurança. Além disso, qual novo mergulhador não quer provas de que vai estar seguro num momento totalmente novo e que Instrutor ou Dive Master não vais querer estar munido com o maior número de referência para prestar tal assistência.

As normas mergulho recreativo publicadas pela ABNT:

ABNT NBR ISO 24801-1:2008 – Serviços de mergulho recreativo – Requisitos mínimos relativos à segurança para o treinamento de mergulhadores autônomos – Parte 1: Nível 1 – Mergulhador supervisionado

ABNT NBR ISO 24801-2:2008 – Serviços de mergulho recreativo – Requisitos mínimos relativos à segurança para o treinamento de mergulhadores autônomos – Parte 2: Nível 2 – Mergulhador autônomo

ABNT NBR ISO 24801-3:2008 – Serviços de mergulho recreativo – Requisitos mínimos relativos à segurança para o treinamento de mergulhadores autônomos – Parte 3: Nível 3 – Condutor de mergulho

ABNT NBR ISO 24802-1:2008 – Serviços de mergulho recreativo – Requisitos mínimos relativos à segurança para o treinamento de instrutores de mergulho autônomo – Parte 1: Nível 1

ABNT NBR ISO 24802-2:2008 – Serviços de mergulho recreativo – Requisitos mínimos relativos à segurança para o treinamento de instrutores de mergulho autônomo – Parte 2: Nível 2

ABNT NBR ISO 24803 – Serviços de mergulho recreativo — Requisitos para prestadores de serviços de mergulho autônomo recreativo



Fontes:
Um estudo sobre a normalização e a certificação do turismo no Brasil: situação atual e perspectivas / Cecília Said de Lavor. – Brasília, 2009.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Clean up the World: Mergulhadores contra o plástico

Por Lídia Torquato

A Escola e Operadora de Mergulho Mar do Ceará, em parceria com a Aquasis, promoverá em Fortaleza/CE, no dia 13 de setembro de 2014, a partir das 9 horas, na Praia de Iracema, o evento conhecido mundialmente como Clean Up Day, um dia especialmente preparado por organizações de todo o mundo para a preservação e a limpeza de Praias e Ambientes Costeiros. Pessoas de vários países se unem por uma causa: a conservação dos nossos mares.
 
Mergulhadores voluntários no clean up day em 2010.
 
A campanha, que se repete todo ano sempre no terceiro fim de semana de setembro, tem conquistado cada vez mais voluntários, organizações não- governamentais e empresas de diversos setores do mundo interessados em promover atividades em prol da preservação da natureza. Convidamos você mergulhador ou não, a participar para removermos o lixo que se encontra submerso no espigão próximo a estátua de Iracema, onde equipes de mergulhadores irão se dedicar a caça ao lixo!
 
Resíduos sólidos retirados do mar.
 
Vamos unir força para promovermos a conscientização e ações para melhorar a qualidade do meio ambiente e dos mares, consequentemente salvando milhares de espécies marinhas. Pois os mares do mundo foram invadidos por uma praga quase invisível, o lixo plástico, em boa parte arrastado das cidades pelo curso dos rios.  Além dos mergulhadores, voluntários vão às praias coletar o lixo lá depositado e anotar em um formulário padrão as quantidades recolhidas de cada item que compõem o lixo sólido. Através de coleta, será feita a identificação do material por Agentes Ambientais e Engenheiros de Pesca, com isto inúmeras pessoas poderão ser sensibilizadas para a problemática do lixo no mar. Além da remoção de lixo e da coleta de dados, o evento propõe abordagens para conscientização dos transeuntes, esclarecendo sobre os resíduos e outros meios para seu destino final, que não seja a praia e o mar.
 
 
Mergulhadores em preparação em busca do lixo.
 
 
O principais objetivos do evento serão: remover o lixo das praias e mares, coletar informação sobre a quantidade e qualidade deste lixo, conscientizar o público quanto a importância da preservação ambiental, usar as informações obtidas para promover mudanças positivas visando à redução da poluição e assim conservando o ambiente marinho.
 
 
Mergulhadores classificando o lixo coletado.
 
Mergulhadores e Seres Humanos convidamos a todos a participar deste de grande dia, vamos fazer a nossa parte, pois a cada pessoa que conscientizarmos nesse dia, elas irão convencer pelo menos mais 5 pessoas a não jogar lixo no mar! FAÇA VOCÊ A DIFERENÇA!! 

EU PROTEJO A VIDA MARINHA, E VOCÊ?

 
Maiores Informações:
 
Lídia Torquato
9609-3289

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Agosto de 1942: Memórias da Guerra Submarina na Costa de Sergipe

por Paula Christiny

Manchete de jornal noticia os ataques. Fonte: terra.com.br.

A Segunda Guerra Mundial, muito mais que um conflito europeu, foi um conflito “global”. O intuito desse texto é mostrar experiências vivenciadas por nordestinos durante esse conflito e também apontar pesquisas mostram que durante os combates não se destacou apenas a batalha naval em si, mas a forma como a população costeira respondeu aos atentados no mar. Sucessivos afundamentos de navios brasileiros foram registrados em águas internacionais ao longo da Segunda Guerra Mundial. Na costa brasileira o litoral de Sergipe foi palco de investidas nazistas entre os dias 15 e 16 de agosto de 1942.

A costa de sergipana foi lugar de lamentáveis acontecimentos da história trágico naval brasileira e internacional, tais episódios se transformaram em “tragédia sergipana”, Durante a Segunda Guerra Mundial, navios foram torpedeados ao longo do litoral de Sergipe e Bahia. A barbárie foi tanta, que comparando o número de mortos, se constata que morreram 1.051 pessoas decorrentes de ataques a navios mercantes brasileiros no período total da guerra (1939-1945). Entre todas as vítimas provenientes dos ataques aos navios mercantes brasileiros, 579 vidas foram ceifadas em águas costeiras sergipanas entre os anos de 1942 e 1943, representando mais da metade de todas as mortes brasileiras no mar. Tão grande foi peso da injuria que ela foi combustível para o rompimento diplomático com o Eixo. Isso foi encarado como uma declaração brasileira de guerra ao nazifascismo, seguiram-se a isso o reconhecimento do Estado de beligerância em todo território nacional (22 de agosto de 1942) e na Declaração Brasileira de Guerra à Alemanha e à Itália (31 de agosto de 1942).

A Repercussão dos Ataques
O que se quer mostrar é a memória coletiva do povo de Aracaju para perceber como os impactos causados pela Segunda Guerra Mundial influíram na vida das pessoas, como o ataque dos U-boots repercutiram no cotidiano da cidade no período belicoso. A história dos torpedeamentos dos navios mercantes gerou centenas de mortos, dezenas de sobreviventes traumatizados, população costeira amedrontada e um clima de insegurança generalizado, configurando assim, o estado de beligerância nas águas territoriais do Brasil, e mais tarde, a declaração varguista de guerra à Alemanha e à Itália.

Em decorrência dos ataques ocorreram na capital sergipana atos de hostilidade e intimidação contra imigrantes estrangeiros e descendentes; dificuldades de exportação e importação; escassez de uma série de produtos; crise no abastecimento dos combustíveis; o aumento do custo de vida, entre outras ações tomadas pelas autoridades públicas visando controlar a vida da população. Tudo isso em virtude do constante receio dos ataques ou até de submarinistas, depois que navios brasileiros começaram a ser afundados no Oceano Atlântico por submarinos alemães e italianos.

A campanha submarina do Eixo no Atlântico Sul, trazida pela Segunda Guerra, passou a ter um valor significativo para os brasileiros a partir de 1942 com as implicações causadas às investidas dos U-boots, que causaram enormes perdas navais brasileiras.

O U-507
O maior expoente dessa situação foi a presença do submarino alemão U-507, cuja ação na costa de Sergipe levou o Brasil à guerra devido a sua grande efetividade e foi relatada aqui no blog. O U-boot criou na população, a partir do dia 15 de agosto de1942, um medo coletivo da costa do Brasil, quando o U-507, capitaneado pelo alemão Harro Schacht torpedeou, em Sergipe, sequencialmente as seguintes embarcações: Baependi, Araraquara e Aníbal Benévolo. Os êxitos do U-507 que causaram a morte de centenas de brasileiros ganharam notoriedade na Alemanha nazista. Já na vida cotidiana da capital se Sergipe o U-boot esteve nas conversas de bar, nos jornais, nas rádios, em cada um dos lares da cidade.

O U-507, submarino alemão do Tipo IX tinha grande autonomia. Era composto por tripulação de 53 homens, podia levar até 12 torpedos, possuía seis lançadores de torpedos, sendo que dois eram na popa, tinha ainda: um canhão de 20mm, uma metralhadora antiaérea de 7,9mm e um canhão na proa de 105m. Fonte: http://cafehistoria.ning.com/

O conjunto dos navios soçobrados pelo submarino alemão U-507, entre o litoral de Sergipe e da Bahia, representou um dos momentos mais dramáticos vividos pelos brasileiro, a população ainda se imaginava neutra e distante do conflito global, mas com o torpedeamento, esse pensamento mudara, haviam sinais de que a guerra tinha chegado ao país. Os inimigos estavam infiltrados e precisavam ser combatidos por um lado, por outro, o Brasil também se tornava inimigo dos alemães e italianos.

Além da história política e militar, percebe-se que essa catástrofe ficou na memória da população por causa dos resultados das investida do submarino. Chegam até a costa os símbolos da batalha naval: sobreviventes desesperados, corpos deteriorados, mercadorias avariadas, destroços do barco, pertences dos passageiros e tripulantes. Era um desdobramento do conflito que feria amigos e parentes, o que era anteriormente distante se tornava uma realidade para a sociedade sergipana. Os submarinistas estrangeiros se movimentaram livres pela costa, afundando navios, como também, matando famílias inteiras ou deixando outras incompletas. Muitos moradores não tinham dificuldades em identificar um parente ou um conhecido que desapareceu vítima do submarino alemão U-507.

Os ataques do submarino alemão U-507, capitaneado pelo alemão Harro Schacht, foram registrados próximos à terra firme. Por causa disso os sergipanos tinham que lutar contra inimigos escondidos debaixo d’água, aos quais não tinham a menor ideia de como se defender, a qualquer momento prestes a atacar ou a desembarcar a "máquina infernal". Travaram-se batalhas contra o desconhecido, o estranho, o invisível. Essa revelação macabra, alimentada por informações provenientes de relatos jornalísticos das agências internacionais ou dos programas radiofônicos, assustou os aracajuanos. Manchetes da imprensa sergipana diziam: “a guerra já chegou entre nós”, “selvageria sem precedentes”; “metralhados nossos patrícios”; “o Aníbal Benévolo foi partido ao meio”; “Sergipe nunca em sua vida presenciou cenas tão tristes como nestes dias”. “De luto o Brasil. Reina a consternação em todo território sergipano”; “atentado vil e covarde contra nossa soberania”; “as incríveis barbaridades do nazismo”; “a nefanda ação do eixismo”; “não há mais que esperar, Brasil!”.
 Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - 19.08.1942. 
Fonte: http://www.u-507.com.br/

As notícias não demoram a chegar ao cais do porto de Aracaju trazidas por pescadores. As informações dos sucessivos naufrágios causara profunda consternação entre os aracajuanos a ver o submarino como uma ameaça real às suas vidas. Os U-boots simbolizavam maior perigo às unidades da Marinha e aos pescadores oceânicos, mas não às cidades, povoados ou colônias de pescadores. Porém a constante chegada de informações causava medo coletivo que evidenciava que a população costeira não tinha um entendimento pleno sobre o alcance da navegação submarina.

O navio depois alvejado, em poucos minutos era engolido pelo mar. Mas para os sobreviventes e o restante da população, esse “tempo curto” se transformou em “longo trauma”. As memórias dos náufragos foram apropriadas pelos moradores da zona litorânea. O que ficou foi relatos dos feridos chegando macilentos e esfarrapados vítimas da tragédia que refletia nos olhos cheios de espanto e angústia.
Corpos chegaram ao litoral sergipano. Fonte: http://www.u-507.com.br/
Cadáveres que chegam às praias sergipanas, com olhos de quem morreu cheio de espanto. O cheiro de putrefação dos cadáveres que grudava nas roupas de quem tentava ajudar. O que se construiu naquelas mentalidades foram imagens terríveis nas praias alimentadas pelo medo do desconhecido, pelas histórias dramáticas dos náufragos e da gravidade das ocorrências bélicas. A costa sergipana ganhou a fama de ser “um lugar de submarinos”. Os marinheiros brasileiros passaram a temê-la com razão.

Os Inimigos Entre Nós
Em meio ao caos gerado pelo perigo representado pelo submarino, os sergipanos encontraram outros culpados em seu cotidiano: o quinta-coluna, os camisa-verde, o boateiro e o espião. Nessa batalha contra esses, o imaginário social criou o clima de desconfiança.

Acreditava-se que o quinta-coluna agia sorrateiro no interior da sociedade brasileira a favor do Eixo. Após o afundamento dos navios, o espírito de retaliação enfardou milhares de homens e mulheres do Brasil. Era evidente a ação de células de espionagem do Eixo no Brasil, mas o olhar de desconfiança social estava impregnado de inveja, de intolerância, de raiva, de cobiça, de preconceito, de oportunismo, de prazer, de retaliação e não apenas de dever patriótico, como afirmava o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). Isso incentivou a perseguição a grupos suspeitos e discriminar os estrangeiros taxados de “eixistas”. A aversão dos aracajuanos se voltava principalmente sobre os estrangeiros, destacando-se principalmente os italianos e alemães. Cidadãos de origem estrangeira que foram presos em Sergipe acusados de pertencer a Quinta Coluna.

Um estrangeiro, ou suspeito de “quintacolunismo” corria sérios riscos de agressões, tanto físicas, quanto morais, podendo até mesmo temer por suas vida. Diversos estragos também foram feitos em residências de estrangeiros. As agressões partiam de grupos isolados ou conjuntos, feitas na maior parte das vezes por estudantes secundaristas do colégio Atheneu Sergipense.

Esse temor serviu para fortalecer a ditadura do Estado Novo. Nesses tempos difíceis de ditadura varguista, a tragédia naval foi apropriada pelo DIP a fim de promover o governo, ao explorar o fervor patriótico: “Sergipe contribuiu para o fortalecimento da unidade nacional” ou “o Brasil é um só”.

Os Ataques
A propaganda governista.
Diário de Notícias -  (22.08.42).
Fonte: http://www.u-507.com.br/
Em cada torpedeamento, a história não se repetiu, pois o evento bélico se revestiu de dimensões implícitas, envolveu diferentes tipos de barcos, apresentou circunstâncias espaciais singulares e contou com experiências individualizadas e coletivas. Entre os dias 15 e 16 de agosto de 1942, período em que foram afundados os navios Baependi, Araraquara e Aníbal Benévolo pelo submarino alemão U-507, foram perdidas 549 vidas. Em 1943, novamente, outros navios foram alvos da ação de U-boats nas águas de Sergipe, ocasionando mais 30 mortes. No dia 1º de março desse mesmo ano, na altura da foz do rio Real, foi torpedeado o navio de bandeira norte-americana Fitz-John Porter pelo submarino alemão U-518, havendo duas mortes. O Bagé foi o último mercante a ser torpedeado em Sergipe. No dia 29 de julho de 1943, o navio mercante foi afundado pelo submarino alemão U-185, perecendo 28 pessoas nesse ataque.

 O Araraquara, náufragos do Baependi viram a explosão e o seu afundamento.
Fonte: http://www.infonet.com.br/

 O Baependi - 270 mortos no seu  naufrágio.
Fonte: http://www.infonet.com.br/
O Ánibal Benévolo.
Fonte: http://www.infonet.com.br/
O que mais causou comoção aos aracajuanos foi o naufrágio do Aníbal Benévolo que seguia em viagem oceânica rumo à cidade de Aracaju. Todos sergipanos a bordo do vapor morreram no ataque nazista, criando um luto coletivo e duradouro, devido ao fato de nenhum conterrâneo ter sido localizado. Os naufrágios ocorridos na costa sergipana foram extremamente tocantes no Estado. Centenas de corpos chegaram às praias, junto com poucos sobreviventes. Os principais remanescentes desses naufrágios localizados até os dias atuais foram os restos mortais humanos que chegaram às praias sergipanas em 1942.

A população se aterrorizava com a suspeita de que os submarinistas alemães soubessem da rota naval até o porto da cidade. Embora a ameaça fosse invisível, alterou a rotina dos aracajuanos que se sentiam condição de vítimas da Guerra Submarina. Segundo a imprensa local, os inimigos do lado do Eixo poderiam estar em todos os pontos do mar brasileiro esperando o momento de atacar pela traição, de afundar navios, de matar brasileiros.

Enquanto as investidas dos U-boots não cessavam, os civis contribuíram com a campanha antissubmarina. A defesa da costa de Sergipe se tornou questão de Segurança Nacional. A Marinha do Brasil orientava para que se montasse um Sistema de Defesa Passivo, que influenciava diretamente na sociedade aracajuana. No âmbito militar montou-se uma vigilância costeira, postos de observação foram montados na região litorânea que foi reforçada com a chegada de tropas baianas e gaúchas, além dos marines americanos que realizaram a patrulha antissubmarina. No âmbito civil, pilotos civis auxiliavam buscas pelos náufragos. Os aracajuanos tinham ordens estritas de não cortarem os extensos manguezais que rodeavam o município de Aracaju para manter as barreiras naturais para dificultar o acesso à capital sergipana, caso tropas inimigas desembarcassem nas praias locais. Também instituiu-se o blecaute para que a cidade de Aracaju ficasse invisível as ameaças.

Na iminência de um desembarque inimigo, temor da invasão estava presente até nas autoridades locais, que exigiam em nome da defesa, disciplina e rigor no cumprimento das normas de segurança. Isso gerou episódios de extrema violência por parte da polícia. Veio também o racionamento do querosene, a norma não surtiu efeito porque a madeira era um dos gêneros de primeira necessidade nos lares mais humildes em Aracaju.

Porém, o ponto mais agressivo das restrições foi a proibição dos civis de se apropriarem dos salvados, pois havia uma “cultura dos malafogados”. A palavra malafogado, era tudo aquilo que não tinha afogado completamente, que voltava à tona, trazendo, porém, a marca do mal da grande tragédia marítima. O material recolhido pelos militares foi destinado para a Capitania dos Portos ou para o 28º Batalhão dos Caçadores.

Durante esse período Sergipe não contava com um sistema ferroviário eficiente e com as estradas de rodagem interestaduais inexistentes. Veio o súbito cancelamento das operações destinadas à movimentação de mercadorias de terra para bordo ou dos saveiros para os navios a vapor, ou das embarcações para terra. O comércio estagnou e a safra açucareira nos trapiches ribeirinhos foi junto com ele asfixiado pelo isolamento naval. As imposições causadas pela conjuntura e pelo quadro de penúria que a população vivia em virtude dela motivaram trabalhadores a se unir às manifestações políticas. Assim como os seus patrões, eles também utilizaram os jornais para protestar perante a sociedade aracajuana.

Por fim, pode se constatar que a guerra dos U-boots impôs preocupações militares, despertou conflitos sociais e diferentes sentimentos em Aracaju. Mais do que afundar navios, a passagem dos submarinistas pela costa criaram uma memória própria desse conflito mundial, pois a Guerra Submarina foi e será sempre um misto de bravura e profunda crueldade.

REFERÊNCIAS:
CRUZ, L. A. P. & ARAS, L. M. B. A Cidade dos Malafogados: O cotidiano de Aracaju durante a Guerra Submarina em Sergipe (1942-1945). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, 2011.
____________. A guerra submarina na costa sergipana (1942-1945). Navigator, V. 8 nº 15. Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, 2012.
____________. “A guerra já chegou entre nós!”: o cotidiano de Aracaju durante a guerra submarina (1942/1945). Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal da Bahia, 2012.

PORTO, Otávio Arruda, Arqueologia marítima / subaquática da 2 Guerra Mundial: sua aplicabilidade no Brasil. Dissertação (Mestrado em Arqueologia) – Universidade Federal da Sergipe, 2013.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Procura-se Instrutor de Mergulho PADI em Fortaleza


Atenção Amigos Instrutores!


Estamos procurando instrutor de mergulho PADI com experiência para completar nossa Equipe. Preferencia para residentes em Fortaleza.

Interessando enviar currículo para 
mardoceara@gmail.com



O Curso de Socorrista de Emergência EFR

Por Paula Christiny

Sabemos que mergulhar não é simplesmente acordar um dia e cair dentro d’água. Praticar essa atividade requer treinamento para conseguir realizar as técnicas necessárias e boa saúde para aguentar esforço físico e mental exigidos. No mergulho, como em outras atividades, é necessário ter um bom condicionamento físico, cardiovascular e cardiorrespiratório.

Muitas pessoas não recebem a capacitação adequada e ou não possuem um organismo preparado para a realização de alguns exercícios e acabam passando por problemas ou até mesmo lesionando-se seriamente. Mergulhadores por diversos motivos sofrem acidentes por falta de preparo.

Como parte da minha formação como mergulhadora, tive a oportunidade de concluir o curso Emergency First Response (EFR) PADI  no Mar do Ceará. O curso busca preparar seus participantes de um modo que eles dominem procedimentos e ordem de prioridade de cuidados realizados durante emergências médicas.

O mergulho é uma prática de risco; existem bons motivos para que, mesmo que não haja paramédicos no local, exista alguém que saiba prestar os primeiros socorros, para que no caso de emergência possa agir e ajudar salvar uma vida.

Os Primeiros Socorros são procedimentos básicos de emergência que devem ser aplicados a uma pessoa com risco de morte, procurando manter os sinais vitais, bem como, impedir o agravamento do quadro até que a vítima receba assistência adequada. Lembrando que tais medidas não substituem profissionais médicos. Portanto, a prestação de primeiros socorros não exclui o socorro especializado, sendo de fundamental necessidade e importância o atendimento clínico o mais breve possível.

Durante o curso desenvolvemos habilidades tanto de Assistência Primaria (RCP) quanto de secundária (Primeiros Socorros). Nas aulas é criado um ambiente onde se combinam teoria e prática. São realizadas simulações que reduzem a ansiedade e tensão em um momento de estresse de modo que, os participantes se sintam seguros e confiantes para agir quando solicitados.

Na primeira parte do curso é visto o Emergency First Response Care (Primeiros Socorros de Emergência). Nele são abordados temas como administração de Ressuscitação Cárdio Pulmonar (RCP), uso do DEA (Desfibrilador automático externo) e medidas que devem ser tomadas no auxilio a pessoas correndo risco de morte e cuidados que devem ser tomados para a proteção do socorrista e do paciente. Na segunda, conhecemos o Emergency Response Second Care (Primeiros Socorros) que trata de lesões e enfermidades que não oferecem risco imediato de morte como queimaduras, fraturas e ferimentos. Todas as técnicas abordadas são fixadas por meio de simulação. Os momentos vivenciados no treinamento nos faz lembrar do que aprendemos.

O curso corre de maneira leve e quase não é possível ver o tempo passar. Até parece um encontro de amigos que você conheceu naquele momento. Mesmo que o assunto seja tratado com a maior seriedade possível, ainda é divertido participar.

Adicionar legenda
Um dos melhores atrativos do curso é o instrutor Victor Emanuel, especificadamente sua experiência de vida. Todos os tipos de emergências médicas já aconteceram com ele ou algum conhecido seu, posso afirmar que ele é um sobrevivente. Tudo teria sido menos proveitoso sem os relatos de quando se queimou com águas-vivas, se cortou numa âncora e outros casos. ''Falou em enfermidade ou lesão, procure o Vitão, o cara que viveu para contar''.

Entre os principais temas abordados durante o curso destacam-se: percepção sobre a dimensão e gravidade do acontecimento, a importância de solicitar auxílio de outra pessoa mais próxima e capacitada; comunicar entidades públicas competentes como o SAMU / 192 (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Corpo de Bombeiros / 193 e, se for o caso, a Polícia / 190. Ainda transmitir tranquilidade e confiança aos envolvidos em estado consciente e também a importância de habilidades como improviso e agilidade nas ações empregadas e aos conhecimentos básicos de primeiros socorros.
Adicionar legenda

A todo o momento são lembrados aspectos fundamentais como na ocasião da emergência, como devemos estar prontos para iniciar o auxílio, preferencialmente instantes depois do ocorrido, mantendo a calma para agindo sem pânico, procedendo de forma rápida, precisa e com precaução, atento a condições que não coloquem em risco a sua vida e da vítima.

No fim do curso, temos a certeza de que mesmo que numa situação de emergência sejamos dominados pelo medo e pela insegurança, o treinamento que, por muitas vezes foi exigente, lhe deixará amparado e seguro sobre as medidas necessárias para agir. Basta lembrar que você foi treinado e que está apto a fazer aquilo.

Um dos momentos mais enriquecedores foi o depoimento da Lídia, uma das colaboradoras da Escola. Ela prestou socorro a uma moça que sofreu um acidente em uma motocicleta. Com a sua fala entendemos como funciona uma situação real, o nervosismo, a tensão do momento onde, diante do apelo da família, mesmo diante do esgotamento físico e mental não desiste de salvar uma vida.

Como participei do curso não pude deixar de sentir a influencia do mesmo em minha vida. É impossível não pensar em prestar assistência como um ato de amor ao próximo. Durante o curso se aprende sobre solidariedade, humanidade e respeito à vida. Aquela pessoa que você ajuda poderia ser um parente ou amigo seu; saber que posso salvar uma vida é recompensador. Na conclusão, dá uma sensação que depois daquilo você se torna uma pessoa melhor.

Livro:
Primary And Secondary Care - Emergency First Response

Sites:
http://www.brasilescola.com/saude/primeiros-socorros.htm
http://www.padibr.com.br/NW/emergency.aspx
http://www.emergencyfirstresponse.com
http://www.padi.com/scuba-diving/padi-courses/course-catalog/emergency-first-response/

Imagens:

https://www.emergencyfirstresponse.com/spanish/html/aboutefr.asp

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Auto-Regulamentação Internacional no Mergulho Recreativo: O que é WRSTC?


Com o crescimento contínuo e desenvolvimento da indústria do mergulho a nível global, foi reconhecida a necessidade de um organismo competente e neutro para controlar as certificadoras de mergulho. Fundado em 1999, o WRSTC (World Recreational Scuba Training Council) é uma organização dedicada à segurança no mergulho recreativo em todo o mundo. A WRSTC busca ajudar a indústria do mergulho de todas as maneiras possíveis a apresentar profissionais respeitados e reconhecidos no mundo do mergulho recreativo.

Seu principal objetivo é o desenvolvimento de normas mínimas de formação de mergulhadores em todo o mundo. O estabelecimento de padrões mundialmente reconhecidos é fundamental no tratamento das questões regulatórias locais e nacionais. Graças ao WRSTC, cursos de mergulho que você faz no Brasil tem o mesmo controle em outros lugares do mundo.

A definição de um mergulhador recreativo é o indivíduo que tenha sido treinado para mergulhar com ar atmosférico em atividades não profissional, científica, industrial, competitiva ou técnica. Esta formação é limitada utilização em equipamento de mergulho leve e acessórios em geral, o curso de mergulho terá com o objetivo geral de oferecer mergulhadores as habilidades necessárias para participar de atividades, tais como (mas não limitado a), ao turismo subaquático, biologia marinha, fotografia subaquática, etc.

O WRSTC é composto por RSTCs (Recreational Scuba Training Councils) menores. São quatro RSTCs regionais: RSTC Europa, RSTC Estados Unidos, Canadá e RSTC Conselho C-Card (Japão), cada um dos quais lida com uma região do mundo. Espalhadas por todo o mundo as certificadoras que fazem parte do WRSTC representam pelo menos 50% das certificações anuais mergulhadores no países ou regiões onde existam membros.

O WRSTC é um mecanismo de cooperação em todo o mundo para alcançar um padrão internacional em cursos formação de mergulhadores Membros do World Recreational Scuba Training Council devem reconhecer a responsabilidade com a promoção da segurança do mergulho recreativo, a existência de normas de formação internacionais e a credibilidade mundial do WRSTC. As empresas envolvidas na certificação de mergulhadores recreativos parceira deve ter mais de 60% de sua renda bruta atribuída a aos cursos oferecidos, taxas de associação e empresas (incluindo taxas de formação mergulho recreativo) e da venda de materiais educativos para a formação de mergulhadores recreativos e instrutores de mergulho recreativo. Alguns dos membros afiliados são: ACUC, ICA, AID, IDEA, PADI, PDA, SDI, SSI, NASDS, PSS, SNSI e DAN.

Exemplos da ação do WRSTC é a regulamentação conteúdos dos cursos para mergulhadores e instrutores em treinamento, o vocabulário, gestual para mergulho e os diferentes níveis de qualificação do mergulhador recreativo. A implementação destas normas internacionalmente reconhecidas beneficia muito a atividade, pois aborda questões regulatórias locais e internacionais importantes. Seus objetivos finais são:

- Estabelecer normas de segurança mínimas para a formação de mergulhadores e instrutores.
- Agir desenvolvimento de padrões de segurança do mergulho para garantir relações consistentes e eficientes no direito internacional.
- O desenvolvimento de padrões globais para o treinamento de mergulhadores e instrutores, permitindo assim que os professores podem trabalhar em qualquer lugar do mundo e que o mergulhador pratique sua atividade com qualificação internacionalmente aceitas.
- Melhorar a imagem do mergulhador e da comunidade de mergulho.
- Auxiliar no desenvolvimento de áreas turísticas que contemplem um ambiente seguro.

Ao escolher uma certificadora parceira WRSTC você opta profissionais que estão trabalhando para melhorar os padrões de segurança do mergulho. Estes, por sua vez, fornecerão uma padronização consistente e eficiente de regulamentos e leis relacionadas ao profissional da indústria do mergulho recreativo.


Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/World_Recreational_Scuba_Training_Council

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Fotosub: Dicas para Melhorar suas Imagens!


Há pouco tempo, fotografia subaquática era basicamente submergir com 36 chances de se fazer um bom clique. Era provável se ter boas imagens serem perdidas. Quem queria um equipamento melhor sofria com o alto custo. Então, para nossa alegria, com a chegada da fotografia digital uma câmera portátil pode ser utilizada no mergulho. 

Atualmente você tem cliques ilimitados, possibilitados por enorme variedade de modelos de câmeras compactas e caixas estanques com diferentes faixas de preço. Qualquer saída de mergulho parece uma excursão de turismo: todos com uma câmera na mão. Pode-se falar em uma superpopulação de fotógrafos.

Entretanto, sabe-se que fotografia debaixo d’água tem características diferentes daquela da superfície. Muitos mergulhadores erram ao ignorar as particularidades do meio aquático. Assim são comuns as primeiras tentativas não terem bons resultados. O ideal seria buscar um curso de foto sub que te dará os conhecimentos necessários para se tornar um bom fotógrafo para o meio.

Pra quem está começando ou gostaria de iniciar, aqui vão umas dicas. Antes, é bom lembrar que elas jamais substituirão um instrutor, porém podem garantir boas experiências na sua próxima saída de mergulho.

Estude
A fotografia sub se renova constantemente. Leia material especializado e dedique-se. Foto sub exige muito aprendizado. Na internet você encontra conhecimento, às vezes, até gratuito para se aperfeiçoar.

Escolha sua câmera
Em um "mar" de opções busque uma câmera adequada às suas necessidades. Analise seu perfil de mergulhador e seus objetivos; procure orientações técnicas sobre o equipamento.

Escolha seus acessórios
Além da câmera, é importante saber escolher seus acessórios. É necessário pensar naqueles que são realmente úteis, quais te ajudarão a fotografar melhor. Nem sempre o mais caro é o que você precisa e nem garante que irá cumprir o objetivo. 


Conheça seu equipamento
Se você não sabe usar bem o equipamento no seco, submerso também não vai saber usar. Respeite sua capacidade. Estude os manuais.

Aprenda a usar o flash
O flash é fundamental na foto sub, pois dentro d’água fotos com cores vivas exigem luz artificial. O uso e o posicionamento do flash exigem teoria e prática aperfeiçoadas. A função macro funciona bem com o flash. Já para cardumes ou amplitude desligue-o, ele não servirá e você perderá a amplitude da foto.

Aprenda sobre a luz
Saber sobre o comportamento da luz é muito importante para o fotógrafo. Na água a luz é absorvida mais intensamente, à medida que aumenta a profundidade; quanto mais fundo, mais próximo deve ser fotografada a imagem, assim evitará a perda da luz.

Estude as técnicas
Veja fotos da vida marinha e seus segredos. Para dar movimento a um peixe, clique-o entrando na imagem. Fotografe debaixo para cima; é o melhor ângulo dos peixes. Com o estudo você aprenderá muitas outras.

Tenha paciência e respeite os modelos
Os peixes não estão esperando para ser fotografados. Existem técnicas apropriadas para aproximação da fauna marinha. Evite demonstrar interesse e não nade para cima e nem atrás deles. Esse comportamento pode assustá-los. Tenha paciência e espere o momento certo. Respeite o ambiente; não toque em corais e esponjas. 

Seja um bom mergulhador
Para ser um bom fotógrafo sub é necessário ser também um bom mergulhador. Tenha suas habilidades básicas aperfeiçoadas. Preocupe-se em ter uma boa flutuabilidade, assim terá uma boa captação de imagem. Aprenda a bater as nadadeiras sem levantar partículas. Respiração, flutuabilidade, tudo isso influencia no resultado final. Pratique para melhorar. A qualidade de suas fotos é proporcional às suas aptidões de mergulhador.

Critique-se e seja aberto a críticas
Suas fotos podem ser maravilhosas, mas, talvez, apenas para você. Seja autocrítico, reveja suas fotos com cuidado e aprenda com seus erros. Mostre suas fotos, peça opiniões e aceite críticas.

Troque experiências
Converse com seus amigos sobre fotografia e equipamentos e troque ideias. Sempre alguém pode lhe acrescentar algo.

Para finalizar
Lembro mais uma vez, em nenhum momento essas dicas substituem um instrutor de fotografia subaquática. Elas também não diminuirão a necessidade de esforço e estudo, pois mesmo que você tenha o melhor instrutor e o melhor equipamento, sem dedicação os resultados não virão.

Fontes:
Revista Mergulho - Ano XI - Nº130
http://www.padi.com/padi/pg/kd/digitalunderwaterphotographer.aspx
http://www.imagemsub.com.br/
Imagens:
http://tecnologia.hsw.uol.com.br/
                                                                                                                                 

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Fauna Fluvial Cearense – Pirarucu

Por Paula Christiny

Fonte: http://www.zoochat.com/



Nome científico: Arapaima gigas

Nomes comuns: Pirarucu, também conhecido como Arapaima ou peixe pirosca.

Status internacional: está ameaçado de extinção em virtude da pesca predatória.

Distribuição: é encontrado geralmente na Bacia Amazônica e na parte setentrional da América do Sul.

Habitat: O Pirarucu é um peixe que habita águas rasas e claras de lagos e rios, especificamente nas áreas de várzea, onde as águas são calmas, não sendo encontrado em zona com fortes correntezas e ricas em sedimentos.

Tamanho: Pode atingir até três metros de comprimento.

Peso: Até 200 Kg .

Descrição: Possui grande porte, corpo em forma cilíndrica, alongado e escamoso. Sua cabeça é achatada e ossificada com mandíbulas salientes. Seus olhos tem tons amarelados e pupila azulada. Sua pele tem coloração marrom-esverdeada, sendo escura no dorso a avermelhada nos flancos.

Dieta: É um peixe omnívoro, alimenta-se de peixes, caramujos, camarões de água doce, cágados, cobras, anfíbios, caranguejos, seixos, areia, entre outros.

Curiosidades: Na mitologia indígena existe uma lenda para a origem do peixe. Pirarucu era um índio guerreiro muito valente, orgulhoso que gostava de praticar maldades. Tupã resolveu castigá-lo. Pediu a Deusa Luruauaçu que fizesse cair uma grande tempestade, chamou Polo e ordenou que ele espalhasse seu mais poderoso relâmpago na área inteira. Pirarucu tentou fugir, mas não conseguiu, vencido pela força do vento caiu no chão e um raio partiu uma árvore muito grande que caiu sobre a cabeça do jovem guerreiro, achatando-lhe totalmente. Seu corpo desfalecido, acabou sendo levado para as profundezas do rio, o Deus Tupã ainda não estava satisfeito e resolveu aplicar um castigo mais severo e transformou o jovem guerreiro num peixe avermelhado de grandes escamas e cabeça chata.



quinta-feira, 10 de julho de 2014

Doenças provocadas por pressão em mergulho e a Medicina Hiperbárica

Paula Christiny

HISTÓRICO

Vestígios pré-históricos mostram que há milhares de anos os homens já exploravam o mundo submarino em busca de alimento. A exploração do ambiente subaquático era limitada pela impossibilidade de se respirar dentro d’água e pela pressão que ela exerce no organismo. O desejo e a necessidade fizeram com que os homens buscassem alternativas para superar suas limitações no meio aquático. Disto surgiram equipamentos que permitiriam aumentar o tempo de imersão e a profundidade atingida.
Equipamentos individuais de mergulho já eram utilizados no século IX a.C.. Aristóteles descreveu os sinos de mergulho. Henshaw, em 1662, mostrou o sino de imersão com sistema de ventilação a fole.

Sino de Henshaw. Fonte: www.amazondiver.com.br
No século XIX, com o desenvolvimento de equipamentos de mergulho eficientes e uso de tubulões pneumáticos pressurizados em obras de construções de pontes e minas, foram delineados o potencial e limitações do homem no meio subaquático e pressurizado.
Em virtude das patologias relacionadas ao mergulho, tornou-se necessária a intervenção de médicos e pesquisadores. Trabalhadores de tubulões, depois de trabalhar em ambientes sob pressão e respirar ar comprimido fornecido por compressores desenvolvidos em 1837, foram diagnosticados com sintomas de “reumatismo e frio”.
Somente quase quatro décadas depois, esse fenômeno foi diagnosticado como doença descompressiva. O seu tratamento era feito com o envio dos trabalhadores afetados para o nível de pressão que eles estavam trabalhando,  até que seus sintomas melhorassem. Então eles lentamente voltavam para a superfície. Tal procedimento foi realizado até o início do século XX.
A construção da ponte do Brooklyn. Fonte: http://www.oxibarimed.com.br/

Marca historicamente a origem da fisiologia hiperbárica o livro do fisiologista francês Paul Bert “A Pressão Barométrica”. Esta obra cria a área médica dedicada aos estudos das alterações fisiológicas e metabólicas 
do organismo exposto a pressões superiores a pressão atmosférica e sistematiza a oxigenoterapia hiperbárica, utilizando a inalação de oxigênio puro no ambiente pressurizado.
O uso terapêutico da oxigenioterapia hiperbárica ocorreu em 1937 com Behnke e Shaw, que trataram doenças descompressivas de maneira sistemática utilizando-se tabelas de descompressão. Na década de 30 as marinhas inglesa e americana iniciaram inúmeros estudos para aplicação terapêutica da oxigenioterapia hiperbárica. 


NO BRASIL
O Professor Álvaro Ozório de Almeida (1882-1952), brasileiro, é considerado pioneiro mundial do uso da hiperóxia hiperbárica, tendo realizado na década de 1930 trabalhos clínicos e experimentais, sobre a aplicação da oxigenoterapia hiperbárica na gangrena gasosa e lepra lepromatosa.
Em 1932, Álvaro Ozório de Almeida instala a primeira câmara na América Latina e publica trabalhos sobre tratamentos da hanseníase, sobre os efeitos tóxicos do oxigênio, além de desenvolver em câncer e radioterapia. A partir daí, a medicina hiperbárica brasileira passou a desenvolver-se progressivamente, até que em 1995, o CFM (Conselho Federal de Medicina) publica sua regulamentação.

A MEDICINA HIPERBÁRICA
A medicina hiperbárica está subdividida em duas áreas:  uma é dedicada à atividade profissional e saúde ocupacional. A outra está relacionada ao mergulho, ela trata de pessoas acometidas por doenças próprias da atividade e da prevenção desses agravos. 
A oxigenoterapia hiperbárica (OHB) é uma modalidade terapêutica em que o paciente é submetido à inalação de oxigênio puro em uma pressão maior que a pressão atmosférica em geral de 2 a 3 atm. O equipamento básico da OHB é a câmera hiperbárica. Ela é basicamente um cilindro hermeticamente fechado, resistente à pressão. Sua finalidade, entre outras coisas, é o tratamento de doenças descompressivas e acidentes relacionados ao mergulho.
Câmera Hiperbárica. Fonte: www.amazondiver.com.br
O mecanismo fisiológico da OHB inicia-se com a inalação de oxigênio puro em ambiente hiperbárico, que proporciona o aumento do gás no corpo. O potencial terapêutico da OHB está na capacidade de absorção de alta dose de oxigênio, que pode compensar a hipóxia ( um estado de baixo teor de oxigênio nos tecidos orgânicos).
Existem limites pré-estabelecidos para a exposição à oxigenoterapia hiperbárica referentes ao nível de pressão utilizada e do período de pressão dentro da câmera, visto que podem ocorrer efeitos colaterais envolvendo determinadas regiões e órgãos do corpo. Os efeitos do aumento da OHB no organismo durante o procedimento podem corresponder a barotraumas das cavidades preenchidas como ouvido médio, seios da face e pulmão.

O MAL DESCOMPRESSIVO E SEUS TRATAMENTOS
Mesmo com os tecnológicos computadores de mergulho que fornecem ao mergulhador todas as informações necessárias para uma descida e retorno seguros, o mal descompressivo ainda assusta. Mesmo que sua incidência seja muito baixa é importante conhecê-lo, pois ainda ele é mal interpretado. 
A doença descompressiva (DD) é uma condição perigosa na qual bolhas de nitrogênio se expandem no sangue e ou nos tecidos do corpo, causando lesões em diferentes graus, isso ocorre quando um mergulhador realiza uma subida muito rápida. No mergulho autônomo, o suprimento de ar comprimido provoca saturação de moléculas gasosas no organismo. Quanto mais fundo e mais tempo se permanece ali, mais gases serão absorvidos. O nitrogênio, que não é inerte, não é absorvido pelo organismo. Quando o mergulhador inicia a subida, ocorre descompressão, esse gás se torna mais solúvel e vai se dissolvendo pelos tecidos e corrente sanguínea que se encarrega de expeli-los do corpo. Porém se ocorre uma subida muito rápida a dissolução de nitrogênio ocorre de forma muito rápida, a pressão do gás diminui de forma abrupta e bolhas se formam podendo comprometer nervos, artérias, veias, vasos linfáticos e desencadear reações químicas danosas ao sangue.
Sintoma DD. Fonte: 
http://www.ohb-rio.med.br/
Mesmo com todas as medidas de segurança tomadas, alguns fatores individuais predispõem o mergulhador à doença descompressiva, são eles: obesidade, fadiga, idade, sedentarismo, doenças pulmonares e/ou cardiológicas, ferimentos muscoesqueléticos e o uso recente de álcool. Ainda fatores naturais aumentam a chance de se ter uma DD, água gelada, trabalho pesado submerso, mar perigoso e roupas de mergulho quentes; voo após o mergulho e a ida para grandes altitudes também podem causar DD.
Os sintomas da doença descompressiva podem ser sentidos em 10 minutos após a volta à superfície até horas depois, eventualmente dias depois. Ela pode ser dividida em dois tipos: a tipo 1 é moderada, sendo caracterizada por dor isolada em juntas, vermelhidão da pele com coceira, em geral no tronco ou abdômen, ou ainda inchaço de gânglio linfático. A tipo 2, mais grave, é caracterizada por perda da sensibilidade, que pode evoluir para perda de força e até paralisia dos membros, vertigem, sintomas respiratórios e outras formas mais raras. Porém é consensual que mais importante que classificar é o tratamento imediato e adequado à condição. 

EMBOLIA ARTERIAL GASOSA 
É uma questão ainda polêmica, alguns pesquisadores a consideram um outro tipo de doença descompressiva. Essa condição acontece quando o mergulhador não obedece as normas de descompressão e não respira adequadamente. É causada pela ruptura de veias do interior pulmonar devido à excessiva expansão pulmonar durante a subida de um mergulho que permite que, o gás crie moléculas que vão se expandindo de acordo com a despressurização. Dependendo de onde essas moléculas se alojarem, podem causar problemas como embolia nas artérias coronárias e AVC nas artérias cerebrais.

DIFERENÇAS ENTRE DOENÇA DESCOMPRESSIVA E EMBOLIA ARTERIAL GASOSA 
Na doença descompressiva é preciso ter profundidade e tempo suficientes para saturar o corpo de nitrogênio, seu início acontece em até 36 horas após o mergulho e o déficit neurológico se manifesta na medula espinhal e no cérebro. Já a embolia arterial gasosa pode ocorrer em qualquer tipo de mergulho, se manifesta imediatamente e seu déficit neurológico ocorre apenas no cérebro.

O TRATAMENTO DO MAL DESCOMPRESSIVO
Tanto na doença descompressiva quanto embolia arterial gasosa, o tratamento com oxigenoterapia hiperbárica deve ser iniciado imediatamente. Na DD é necessário a administração de oxigênio puro até poder transportá-lo para uma unidade de urgência, visando reduzir o quadro a níveis mais seguros. Também é recomendado oxigenoterapia hiperbárica o mais rápido possível e a descompressão gradual para a lenta eliminação do nitrogênio. Para a embolia arterial gasosa o rápido tratamento é fundamental e a oxigenoterapia hiperbárica também é indicada nesse procedimento. Estudos mostram que mergulhadores que passaram por recompressão em até 5 minutos tiveram uma diminuição de mortalidade de até 5%. Com o tratamento depois de 5 horas essa taxa sobe para 10%, onde mais de 50% dos que sobreviveram apresentaram sequelas. 

OUTRAS DOENÇAS RELACIONADAS AO MERGULHO

Barotraumas
É a causa mais freqüente de lesões e de desqualificação para o mergulho e para o trabalho em ambientes pressurizados. São causados por obstruções à livre movimentação do ar nos espaços aéreos do organismo, particularmente nas cavidades aéreas cranianas. Podem levar à lesões graves, permanentes e incapacitantes.

Intoxicação por Gases
No mergulho profundo (mergulho saturado) e no trabalho em ambientes pressurizados, o controle da qualidade do ar respirado e de sua composição é freqüentemente feito à partir da superfície e aceita uma margem de erro muito pequena. A intoxicação ou o envenenamento dos trabalhadores devido à falhas neste controle, tem feito vítimas em todo o mundo. Os agentes causais mais comuns são o próprio oxigênio, o nitrogênio, o monóxido e o dióxido de carbono e a poluição (contaminação) dos gases “respirados” pelos mergulhadores.

Síndrome Neurológica das Altas Pressões (SNAP)
É um fenômeno atribuído tanto à um efeito direto das altas pressões hidrostáticas quanto à ventilação (respiração) do gás hélio sob altas pressões, como ocorre no mergulho à grandes profundidades. A síndrome se manifesta por sonolência, tonteira, náuseas, e tremores generalizados com descontrole dos movimentos finos, podendo evoluir para convulsões.

Osteonecrose
É uma doença degenerativa, silenciosa e incapacitante, que acomete principalmente mergulhadores de saturação ou que já tenham sofrido episódios de Doenças Descompressivas. Tem sido atribuída tanto à intoxicação por oxigênio quanto à embolias aéreas, gordurosas e até à fenômenos osmóticos. Ocorre uma destruição e necrose asséptica em áreas específicas de ossos longos dos membros e superfícies articulares, especialmente no fêmur, articulação da bacia, úmero, articulação do ombro e na tíbia, sendo necessário afastar o mergulhador definitivamente da atividade profissional quando a doença é constatada.

Apagamento
É provavelmente a causa mais freqüente de morte em mergulhadores amadores e profissionais adeptos do mergulho em apnéia (desequipado, usa-se apenas o ar contido nos pulmões). Antes de iniciar o mergulho, muitos mergulhadores têm o hábito de hiperventilar repetidamente, na perigosa ilusão de aumentar a quantidade de oxigênio no sangue e com isso prolongar o tempo de fundo. Tudo o que conseguem na verdade é diminuir a tensão parcial do gás carbônico no sangue, retardando o sinal de alerta do centro respiratório, que é o próprio CO2 quando mais elevado. Quando mergulhados, a pressão parcial do oxigênio na circulação cerebral será suficiente para manter a lucidez por algum tempo, mas a pressão parcial do CO2, excessivamente baixa devido à hiperventilação inicial, levará mais tempo para atingir o nível necessário para "acordar" o centro respiratório e provocar nos mergulhadores a necessidade de respirar outra vez. Enquanto isso suas reservas de oxigênio no sangue terão sido consumidas e quando eles iniciarem a subida, não terão oxigênio suficiente para atingir acordados a superfície.

COMO SE PREVENIR
No mundo submerso é assim, parafraseando Fidel Castro, “entrar é fácil, sair é que é pior”. Na maioria dos casos, você não tem a chance de subir e pedir ajuda. Esteja ciente que problemas no fundo devem ser resolvidos por lá mesmo. Seja um mergulhador consciente, siga as regras, evite fatores de risco, aja com prudência. Faça uma subida lenta e gradual, lembre-se da parada de segurança, siga a sua tabela ou computador de mergulho.

Fontes:
http://www.oxibarimed.com.br
http://www.ohb-rio.med.br
http://www.feridologo.com.br
www.planetamergulho.com.br
www.revistamergulho.com.br