sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Esponjas do Mar: são Animais ou Plantas?

Por João Ravelly

As Esponjas do Mar são os organismos mais simples dentre aqueles que possuem muitas células, os multicelulares. São consideradas bastante plesiomórficas, ou seja, que conservam muitas características basais que estavam, com poucas mudanças, presentes no ancestral bem antigo.


Diversidade de Esponjas.
São animais que não apresentam órgãos ou tecidos verdadeiros, constituídos, basicamente, por uma massa celular embebida em uma substancia gelatinosa e enrijecida. Apresentam crescimento variado desde eretas bem simples a bastante ramificada, além de incrustadas nas rochas e perfuradoras de conchas. A forma de crescimento desses animais pode variar conforme as condições ambientais diversificando seu tamanho de poucos milímetros a metros de diâmetro, tendo seu crescimento sustentado por um conjunto de filamentos compostos de carbonato de cálcio ou sílica podendo ainda possuir uma malha de fibras orgânicas composta por esponginina.


Diversidade de formas de vida de Esponjas.
Apresentam coloração forte como forma de proteção contra a radiação solar ou como defesa de predadores, uma vez que na natureza cores fortes comumente indicam perigo. Ocorrem desde águas mais rasas a águas profundas de forma que seus indivíduos adultos crescem fixos a rochas, naufrágios e, até mesmo, em solos inconsolidados. 

No mundo todo há registro de cerca de 8 mil espécies de esponjas com cerca de 150 de água doces. No Brasil são encontradas 330 delas com 44 espécies de água doce. No Ceará esse grupo de animais ainda é pouco estudado, tendo sido registrado menos de 60 espécies ocorrendo no estado.


As esponjas são utilizadas por diversos outros organismos (crustáceos, equinodermos, poliquetas, peixes) como local de proteção e desova uma vez que o corpo desses animais apresenta uma complexa organização tubular, pela qual a água passa carregando alimento. Outra relação curiosa é o fato deles também hospedarem microorganismos como bactérias, fungos, algas, e utilizarem de compostos por eles produzidos como forma de nutrição, podendo até 50% do volume corporal da esponja ser representado por esses organismos. 


Associações de Esponjas com outros organismos.

O corpo das esponjas, como já foi dito, é constituído por uma rede de tubos que variam em número e complexidade. A entrada desses tubos é chamada de Óstios que são poros numerosos, enquanto que os Ósculos, que são as saídas, são aberturas maiores e em número reduzido. Possuem uma cavidade interna chamada de Espongiocele ou Átrio, que recebe o fluxo de água dos canais do corpo do animal e conduz para o óstio.

Estrutura corporal de uma Esponja.

Essa conformação corporal pode ser classificada de três formas. A primeira são as Asconóides, mais simples, são organismos tubulares e afilados, crescem em grupos. A segunda são as Siconóides, também são tubulares, mas apresentam uma parede corporal mais espessa e mais complexa com câmaras e um revestimento diferenciado na espongiocele. A última é bem mais complexa e apresentam um porte maior, são as Leuconóides, que são a maioria em águas rasas e em água doce.


Formas estruturais das Esponjas.
Suas células são diferenciadas e realizam funções diferentes. Dentre elas as que são de fundamental importância para as esponjas são os Coanócitos, um tipo de célula das esponjas que são responsáveis por gerar, com a movimentação de seus flagelos, um fluxo de água que carrega partículas de alimento para as esponjas, além de retirar essas partículas com um colarinho que fica na base do flagelo.
A alimentação delas é por filtração pelos coanócitos, que retiram da água partículas e as passa célula a célula; por relação com microorganismo, ou, no caso das mais especializadas, por predação de pequenos crustáceos, sendo elas bastante confundidas com hidras de cnidários por apresentar espículas modificadas que lembram os tentáculos deles.


Quanto à reprodução, as esponjas podem se reproduzir por Fragmentação, quando acidentalmente uma parte do indivíduo e arrancada e ela apresenta a capacidade de gerar um novo indivíduo; Brotamento, quando partes especializadas do animal geram uma protuberância que depois se desprende do animal e gera um novo, podendo formar estruturas de resistência a intempéries do meio; ou de forma Sexuada quando coanócitos e arqueócitos se diferenciam em gametas e são liberados pra fecundação na coluna d’água ou ser fecundado no indivíduo que produz o óvulo e só ser liberado quando formar uma larva Parenquímela que se fixará e constituirá um novo indivíduo.


Reprodução por brotamento em Esponjas.
As esponjas pertencem ao Filo Porifera, recebendo esse nome por conter poros, e possuem três Classes: Calcarea, esponjas calcárias, marinhas, pequenas e em forma de vaso; Hexactinellida, que são conhecidas como “esponjas de vidro” por possuírem espículas de sílica, vivem em águas de 400 a 900 metros de profundidade; e Demospongiae, que são 95% das esponjas vivas atualmente e são as mais conhecidas.
Esponja encontrada em mergulho.

Os peixes, as tartarugas, as estrelas do mar, os moluscos, são os principais predadores das esponjas, sendo eles responsáveis por controlar o crescimento delas, além da competição por recurso com outros organismos como os corais

As esponjas possuem uma grande importância ecológica, econômica, social, histórica e cultural. Na ecológica são valiosíssimas ao filtrar a água retirando matéria orgânica pra se alimentar, servem de alimentos para outros animais, relacionam-se com microorganismos, servem de bioindicador. Na histórica, cultural e social as “esponjas de vidro” são usadas em alguns países como símbolo de amor entre os casais, além das esponjas sem espículas que foram e são usadas como esponja de banho.


Diversidade marinha.
São economicamente importantes na extração de medicamentos como o Aciclovir que é antiviral, o Citarabina e o Eribulina que são anti-oncogênico; são usadas como filtro pra retirar partículas da água; geram prejuízos em cultivos de moluscos, pois algumas perfuram as conchas deles, entre diversas outras importâncias que podem não ter sido descobertas ainda.


Por isso devemos preservar esses animais, evitando quebrá-las e coletá-las sem fins científicos, preservando seus predadores e suas presas, para garantir um equilíbrio do ecossistema marinho para podermos aproveitar ao máximo de suas belezas.




Fontes:
Livro - Zoologia dos Invertebrados Barnes, Robert D. - Ruppert, Edward E. - Fox, Richard S.;
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